sábado, janeiro 27, 2007

Ruas de outono

Quero ter você bem mais que perto
Com você eu sinto o céu aberto...
(Ana Carolina - Dois quartos - Composição: Ana Carolina/Antonio Villeroy)

Rosas


Você pode me ver do jeito que quiser
Eu não vou fazer esforço pra te contrariar
De tantas mil maneiras que eu posso ser
Estou certa que uma delas vai te agradar
Porque eu sou feita pro amor da cabeça aos pés
E não faço outra coisa do que me doar
Se causei alguma dor não foi por querer
Nunca tive a intenção de te machucar
Porque eu gosto é de rosas e rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete me deixam nervosa
Toda mulher gosta de rosas e rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas mas sempre são rosas
Se o teu santo por acaso não bater com o meu
Eu retomo o meu caminho e nada a declarar
Meia culpa cada um que vá cuidar do seu
Se for só um arranhão não vou nem soprar
Porque eu sou feita pro amor da cabeça aos pés
E não faço outra coisa do que me doar
Se causei alguma dor não foi por querer
Nunca tive a intenção de te machucar
Porque eu gosto é de rosas e rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete me deixam nervosa
Toda mulher gosta de rosas e rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas mas sempre são rosas
(Ana Carolina -Dois quartos- Composição: Totonho Villeroy)

Poema quebrado

Paulo. Sousa

Eu era apenas rio
Esperando que você navegasse
Poema quebrado no frio
Num salão vazio
Esperando que você recitasse
Eu era manhã cinzenta
Esperando de você a aurora
Um lobo de olhar em brasa
Te vendo em casa
(e o lobo do lado de fora)
E eu era, quem diria
A melodia que jamais compusera
E eu, que jamais daria
Era o verbo dar
Dizendo assim: quem dera!
Então não vá embora
Agora que eu posso dizer
Eu já era o que sou agora
Mas agora gosto de ser
(Composição Oswaldo Montenegro)

Lembranças

Graça Loureiro
Fotos, músicas, cartas, diálogos,
sorrisos, sonhos, lágrimas, promessas,
encantos e desencantos, alegrias e tristezas...
saudades, muitas saudades
Menino, homem, poesia
forte, sensível...
Prontuário?
vida modificando vida
criando Bia
da vida por um triz.
Angustia, dores, histórias..
saudades, muitas saudades
mundo modificando mundo
criando dores
mundo sem cores
saudades, muitas saudades...

Saiba

A insustentável leveza do ser - Carlos Pereira

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Saddam Hussein
Quem tem grana e quem não tem
Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileue
também você e eu
Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar
Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano
Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao-Tsé, Moisés, Ramsés, Pelé
Gandhi, Mike Tyson, Salomé
Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochete
e também eu e você
(Saiba - Adriana Calcanhoto - Composição Arnaldo Antunes)

quarta-feira, janeiro 24, 2007

A verdade dividida

A PORTA da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
(Carlos Drummond de Andrade - Contos Plausíveis)

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Por onde andará?

Por onde andará a Menina?
Perdida em lembranças
pescadores
cantigas
rodas
violas
crianças

Estará dormindo?
Sonhando?
Sorrindo?

Por onde andará ?
Menina
mulher
mãe

Prosa Poesia
Palavras e fotos
Lembrança e sonhos
à desprender-se do varal

Em busca dos sonhos de menina

Por onde andará ?
Por entre estrelas
pensamentos
mares, jardins
firmamentos?

Por onde andará ?


Li o poema de Claudio Partes, no Manual dos Sentidos.
Pretensao minha, achei que tivesse sido escrito para mim ou me vi em cada verso descrito, pretensão daqueles que enxergam em linhas e entrelinhas, na sensibilidade de autor. Na voz da Bethania (que amo tanto) seria a letra " Por onde andará meu amor?". Mas na sensibilidade de um amigo maluco fica "Por onde andará a menina?
Fez refletir cada verso. Por que houve tempo que procurei a menina e tive medo de encontrá-la em escombros, assustada, medo do mundo, medo de nao sentir amada.
Tive uma pessoa muito especial que me fez encontra-la, abraça-la, carrega-la comigo e dar um novo significado.
A menina mencionada sorria na chuva, brigava no bar da esquina com o mau atendimento com o sorriso no canto (lembra?). Falava besteiras, nao sabia abrir o portaoda casa da Mal, imagina fazer o café? E no incrivel, falava palavras sem sentido entre lagrimas...
Mas hoje a menina encontra-se em estado vegetativo, quase morta...
Lembranças que trago balançam no varal.
Desacredito na linguagem dos pescadores que que olha o mar de forma diferente, o horizonte para eles é o mesmo, nao se encantam. Talvez a falta de "coisas" acinzentam o horizonte.
As cantigas, rodas, violas e crianças que antes pensava ser um colorido para as crianças, não mais vejo assim. Meu trabalho é um brincar de faz de conta que nada muda na realidade das crianças, outro engano meu.
E sonhos???
Dizem que nao vivemos sem sonhos...
Mas confesso que cansei de dobrá-los, de deparar com o "quase", de argumentar.
Refletindo melhor, a menina continua em estado vegetativo. A mulher, mãe continuará pensando no céu e estrelas, sem a intenção de alcança-las, apenas contemplá-las.
Beijos