quarta-feira, novembro 29, 2006

Basium

Foto de Daniel Gieseke

Quero escrever seu beijo
Como escrevo minha poesia
Sem pontos ou vírgulas
Pra se perder no compasso
Na falta do espaço
Sem saber
Onde começa
onde termina
Frases que exclamam
Sentimentos que interrogam
Terminaria, meu Deus,
no adeus
sem ponto final
na promessa de um talvez
com reticências

Entrega

Foto Alex Nubovoc
No beijo entrego a alma e peço o corpo

sábado, novembro 25, 2006

Antes de dormir

quinta-feira, novembro 23, 2006

Sua boca

Delícia é perder meu tempo na sua boca...

Beijo

Lembro-me do seu primeiro beijo
Sabia que não seria o único,
senti o gosto de “quero mais...”

E assim,
o amor acontece
dentro do silêncio...

Lábios encaixam lábios
como se fossem um
Línguas dançam no ritmo
do desejo
Entendo a língua que não fala.
Língua que brinca, explora
e desenha nuvens
no céu.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Brincar de felicidade

Momento de alegria - José Luis Mendes
Céu azul com poucas nuvens:
Convite para brincar
de ser feliz.

dEUs

Se eu quiser falar com Deus
Preciso calar meus “eus”
Atingir o território profundo
Sabiamente horrível e amargo
Afastar pedras
Rasgar véu do mistério
Provocar a dor
Consolidar-me por dentro
Procurar meu dEUs

Se eu quiser falar com Deus




Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
(Gilberto Gil)

quinta-feira, novembro 16, 2006

Milágrimas

Readers Digest # Claudio Marcio Lopes
Em caso de dor, ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo
Esqueça seu cotovelo
Se amargo for já ter sido
Troque já este vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada milágrimas sai um milagre
Em caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa
Coma somente a cereja
Jogue para cima, faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra apenas, viva apenas
Sendo só fissura, ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena, reze um terço
Caia fora do contexto, invente seu endereço
A cada milágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
A cada milágrimas sai um milagre

(Itamar Assumpção - Alice Ruiz)

Ansiedade


Ansiedade no peito

Acomoda e acinzenta

a usina de pensamentos

Acelera-me o coração,

agita-me o corpo.

Faz os dias iguais,

as noites vazias, tristes...

Estúpida inimiga

deseja tornar-me infértil.

Prender-me com suas garras,

arrastar-me nas trevas,

guerra, desespero.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Ansiedade

Ansiedade - MUNCH

domingo, novembro 12, 2006

hoje

Gostaria de viver "numa casa de vidro", onde nada é segredo
e que está aberta a todos os olhares.
(André Breton)


Algumas pessoas passariam apressadas sem perceber a casa de vidro, sem o tempo e a paciência de buscar detalhes. A vida é muito curta para parar,
Outras parariam, olhariam com indiferença cada cômodo, seus móveis e sairiam sem manifestar agrado. Passariam também, pessoas curiosas, questionariam os moveis fora do lugar, alguns empoeirados e se afastariam. São os olhares de vitrine que olham e julgam.

Acredito que algumas pessoas tentariam colocar mais móveis no lugar, limpar algum canto, mudar alguma mobília e voltariam sempre para cuidar. Não sentiriam donos, mas teriam o prazer de limpar, remover as sujeiras, mudar o ambiente. Há pessoas amigas que protegem a fragilidade do vidro.

E quem sabe, uma única pessoa entre na casa e observe todos os detalhes antes
de remover a sujeira e mudar os móveis de lugar, sinta prazer dentro da casa e faça dela sua morada, entendendo o que ela tem pra oferecer. E que nela permaneça sentindo-se parte necessária e assim proteja algo tão raro e precioso.

sábado, novembro 11, 2006

Faltando um pedaço - Djavan


Perto, se longe...

terça-feira, novembro 07, 2006

O amor que acende a lua - Rubem Alves

Frio


Andei descobrindo muita coisa...
Expondo ao tempo, situações
uma mais 'apequenante' que outra...
expondo-as as intempéries

Servindo-as
para descobrir meu lugar aí,
alí menos...
E aprender a 'perspectivar' palavras,
dar-lhes o tom adequado,
com o peso dado forçando a garganta
da qual saem... solidões
Enfim, falando sozinho...